Nomofobia: o medo de ficar longe do telemóvel
Nomofobia: o medo de ficar longe do telemóvel
Para muitas pessoas viver conectado é algo tão comum quanto comer, beber ou se vestir, por exemplo. Esta conexão dá-se todo tempo e em qualquer lugar através de dispositivos móveis como telemóveis, smartphones, tablets. Por meio dos quais as pessoas obtém e divulgam informações, compartilham dados, fazem compras, vêm a conta bancária, estabelecem relacionamentos, etc.
Porém, o uso exagerado destes aparelhos eletrónicos pode ocasionar o surgimento de um transtorno psicológico: a NOMOFOBIA (do Inglês No-mobile = sem telemóvel). A Nomofobia consiste em nada menos do que perder o controlo sobre si mesmo e tornar-se “escravo” da tecnologia. Ou seja, tornar-se dependente de um aparelho, sentindo um medo irracional de estar desconectado do mundo virtual.
O uso da internet e o vício em expor as suas experiências nas redes sociais pode tornar-se uma compulsão e levar a um uso abusivo, enquanto você deixa de se dedicar a outras atividades para estar conectado. Assim, quando permanecer conectado todo tempo passa a ser mais atrativo do que todas as outras possibilidades. É um sinal de que você pode estar a substituir a sua vida real pela realidade virtual.
Podemos constatar isso por meio de três fatores principais:
1) a exclusividade: a tecnologia passa a ser a sua única fonte de obter prazer e satisfação;
2) a tolerância, na medida em que você gasta cada vez uma parte maior do seu tempo com o telemóvel;
3) a abstinência, que consiste no fato de você apresentar sintomas muito desagradáveis e mudanças bruscas de humor quando não pode utilizar o seu aparelho (podendo ser comparada a abstinência de drogas).
Não é raro identificarmos pessoas extremamente irritadas ou ansiosas quando, por alguma falha, ficam sem conexão virtual. Ou, até mesmo, pessoas que carregam dois aparelhos ao mesmo tempo para se precaver da falta de um deles. Identificamos, também, que alguns pais entregam o estes aparelhos a crianças para “distraí-las”, para que elas fiquem quietas, isentando-se da responsabilidade de ter que lidar com essas situações difíceis e estabelecer limites. Ou, talvez façam isto para que eles também possam ocupar-se com os seus aparelhos.
Vemos, ainda, relacionamentos amorosos a manterem-se e terminarem virtualmente, dissolvendo-se com uma simples exclusão de perfil, sem ter que lidar com as consequências de olhar nos olhos, falar e ouvir antes de decretar um fim. Tudo sem o menor constrangimento ou justificações.
A Nomofobia pode também associar-se aos sintomas da depressão e aos transtornos ansiosos (fobia social, transtorno obsessivo-compulsivo, e outros.) e refletir numa necessidade de aceitação e pertença ou um meio de fuga da solidão. O fato é que a Nomofobia contribui para a imaturidade emocional, com atitudes imediatistas, menor controlo sobre os impulsos, altos níveis de ansiedade e insegurança. Sem dúvida o mundo virtual tem muito a oferecer e muito a proporcionar ao nosso quotidiano mas nós precisamos de enfrentar o mundo real, afinal não somos seres meramente virtuais… ou somos? Vale a pena pensar nisso.
Por: Audrey Leme, Psicóloga Clínica de abordagem psicanalítica
Fonte: www.psicologiasdobrasil.com.br
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